A criatividade sempre foi um mistério e um desafio constante na vida de todo artista. São muitos os livros que buscam desvendar como o processo acontece, nos lembrar dos sinais de como a criatividade se apresenta no nosso cotidiano ou tentar apontar caminhos para o seu desenvolvimento potencial.
O que provoca esse momento em que várias conexões se dão e onde surge o que ainda há pouco era desconhecido? De que ingredientes um processo criativo precisa para transformar essas conexões em obra? Poderíamos listar muitos aqui, mas na verdade, é no modo como cada artista lança mão de ingredientes próprios que a possibilidade de criar um caminho único e pessoal surge.
É fundamental que cada artista tome consciência de como funciona o seu processo criativo. E uma possível chave para entender o nosso processo é enxergá-lo como um caminho. Um caminho que está sempre em construção, que se transforma a cada surgimento de um novo trabalho. Um caminho que nunca está pronto. Uma trajetória que ora será mais fácil, ora mais difícil, mas que sempre nos manterá caminhando e sempre poderá ser modificada.
Poder olhar para trás e analisar esse caminho é também uma prática de autoconhecimento. Para isso, é de suma importância o registro das diferentes fases de um mesmo projeto e sua avaliação crítica e objetiva posteriormente. Aconselhamos aqui a criação de pequenos sistemas de documentação dos processos, sobretudo para os artistas que estão iniciando suas carreiras. Independente do resultado final, fazer esses registros nos dará ferramentas de reflexão, de ação e de ajustes, e as conclusões que tiramos depois da obra finalizada nos trarão mais consciência do que e de como criamos ao longo da nossa caminhada.
A criação tem e sempre terá um gostinho de mistério, um não sei quê de incerteza. Mas à medida que a obra de um artista amadurece, vão também amadurecendo seus processos e muitos deles acabam se tornando mais maleáveis, mais reconhecíveis. Alguns desses processos passam a conectar-se entre si e geram padrões, repetições, constantes - o que chamamos comumente de metodologia. E, mesmo que, em algum momento, o artista decida se desconstruir e desenvolver novas formas de criar, é extremamente importante a consciência e o reconhecimento do seu próprio caminho até então.
Assim, poderíamos pensar que o tão controverso conceito de estilo está mais associado ao fazer, ao processo, do que ao resultado final, com o que é comumente associado. Portanto, seja qual for a sua metodologia, ou mesmo se ainda não tiver uma, saiba que o mais importante é fazer, experimentar, tentar e caminhar. Acertos, desafios, erros, bloqueios também são partes intrínsecas do processo e são todos igualmente necessários. Nesse caminho nada será seguro, mas tudo será possível. Não existe um passo mais importante que outro, pois é impossível enxergar uma linha inteira observando apenas um dos seus pontos.
Deixamos aqui a indicação de alguns livros que trazem olhares sobre a criatividade e reflexões que podem ser úteis em nossa caminhada.
O ato criativo, uma forma de ser, Rick Rubin - Editora Sextante.
Gesto inacabado: processo de criação artística, Cecília Almeida Salles - Editora Intermeios.
Criatividade e processos de criação, Fayga Ostrower - Editora Vozes.
Texto de Anabella López e Rosinha Queiroz
programação:
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